Anvisa aprova uso emergencial da CoronaVac e da vacina de Oxford contra o coronavírus
Os imunizantes serão entregues no Brasil, respectivamente, pelo Instituto Butantan e pela Fiocruz
Foto: Anton Vaganov/Reuters
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, por unanimidade, neste domingo (17), o uso emergencial das vacinas CoronaVac e a da Universidade de Oxford, desenvolvida em parceria com a farmacêutica AstraZeneca, utilizadas na prevenção ao novo coronavírus. A reunião da agência teve início às 10h10 e terminou às 15h20.
Os imunizantes serão entregues no Brasil, respectivamente, pelo Instituto Butantan, em São Paulo, e pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro. São as primeiras vacinas contra a covid-19 aprovadas no Brasil.
A decisão foi tomada nos primeiros três votos da diretoria, composta por cinco membros. Os votos, favoráveis à aprovação do uso das vacinas, foram da relatora Meiruze Freitas, de Romison Rodrigues e Alex Machado.
Em seus votos, eles ressaltaram o contexto de urgência, gravidade e colapso em alguma regiões, prestaram solidariedade às vítimas e familiares da doença, sobretudo aos casos de Manaus, e argumentaram que os benefícios dos imunizantes superam os riscos.
Mesmo com a maioria a favor, a votação continuou e o diretor-presidente da agência, Antonio Barra Torres, também votou a favor. “Mesmo vacinado, use máscaras e higienize as mãos”, frisou.
O último voto a ser dado foi do presidente da agência, o médico e contra-almirante Antonio Barra Torres. Ao encerrar a reunião, Torres disse que é preciso confiar na Anvisa e nas vacinas que forem certificadas pela agência. “Quando ela estiver ao seu alcance, vá e se vacine.”
Com a decisão, o Butantan terá de assinar um termo de compromisso para apresentar dados de imunogenicidade da vacina até 28 de fevereiro. Estas informações devem mostrar por quanto tempo a vacina é segura e eficaz. A assinatura do termo terá de ser publicada no Diário Oficial da União (DOU), o que pode impedir planos do governador João Doria (PSDB) de já usar a vacina em São Paulo em cerimônia neste domingo.
Com relação à vacina de Oxford, o voto da diretora vale apenas para o uso das 2 milhões de doses que o governo ainda tenta importar da Índia. A decisão valeria após a publicação de extrato ou “ciência oficial” via ofício.
Comemoração
A aprovação do uso emergencial das duas vacinas foi comemorada pelo governador do Espírito Santo, Renato Casagrande. Em seu perfil no Twitter, o governador afirmou que a aprovação dos imunizantes “é o primeiro passo para vencermos definitivamente o vírus”.
Casagrande também reafirmou que o Espírito Santo está preparado para iniciar a vacinação, assim que os imunizantes chegarem ao estado.
A aprovação das vacinas do Butantan e Fiocruz pela Anvisa é o primeiro passo para vencermos definitivamente o vírus. O Espírito Santo está preparado com agulhas, seringas e toda a logística para dar início ao Plano Nacional de Imunização assim que as vacinas chegarem. #VemVacina
— Renato Casagrande (@Casagrande_ES) January 17, 2021
CoronaVac
Desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac, a CoronaVac será fabricada e distribuída no Brasil pelo Instituto Butantan. A Coronavac é o único imunizante contra a covid-19 com estoque no Brasil. A ideia é que 6 milhões de doses sejam disponibilizadas ainda em janeiro. A eficácia da vacina para evitar a manifestação da doença é de 50,39%, segundo atestou neste domingo a Anvisa.
O imunizante tornou-se alvo de briga política entre Doria e o presidente Jair Bolsonaro. O mandatário forçou, em outubro, o Ministério da Saúde a cancelar uma promessa de compra da CoronaVac. Bolsonaro disse ainda que não compraria a vacina para o plano nacional por sua “origem”. “Da China nós não compraremos. É decisão minha. Não acredito que ela transmita segurança suficiente à população pela sua origem. Esse é o pensamento nosso”, disse ele em 21 de outubro à Rádio Jovem Pan.
A vacina, porém, foi comprada pelo governo federal em 8 de janeiro de 2021. Sem garantias sobre a data em que a Índia irá liberar a importação da vacina de Oxford/AstraZeneca, apenas a CoronaVac tornou-se opção viável para começar imediatamente a vacinação no País. O ministério, então, pede para o Butantan entregar imediatamente todas as 6 milhões de doses da CoronaVac que estão prontas para uso. O governo de São Paulo respondeu que enviará esta carga, mas pede para que as doses que serão aplicadas na população paulista sigam no Estado. O impasse pode parar na Justiça, reconhecem autoridades dos dois lados da disputa.
Oxford/AstraZeneca
Também com uso emergencial aprovado por unanimidade, a eficácia geral da vacina de Oxford/AstraZeneca é de 70,42%, segundo calculou a Anvisa. O dado considera mais de uma forma de aplicação e intervalo entre doses. No Brasil, com duas doses, a eficácia ficou em 62%.
A importação das doses prontas, porém, foi adiada pelo governo da Índia. O presidente Bolsonaro disse na sexta-feira, 15, que a entrega deve levar mais dois ou três dias, mas o governo não confirma nem sequer em que data o voo que em direção à Índia deixará o Brasil para receber esta vacina. O governo indiano aponta “problemas logísticos” para a entrega da vacina, pois simultaneamente está começando a sua própria campanha de imunização.
Além das duas milhões de doses prontas, a Fiocruz deve receber ingrediente para fabricar cerca de 100,4 milhões de doses neste primeiro semestre, mas a entrega está atrasada. No segundo semestre, o laboratório brasileiro quer produzir 110 milhões de doses de ponta a ponta. A ideia é que estas doses sejam liberadas só em meados de fevereiro, mas o uso das doses fabricadas no País não foram objeto do pedido à Anvisa avaliado neste domingo, 17. Ou seja, seria preciso nova avaliação da agência.
Sem a vacina de Oxford em mãos, a campanha de imunização deve começar com a CoronaVac, vacina desenvolvida pela farmacêutica Sinovac e distribuída no Brasil pelo Instituto Butantan.
O Ministério da Saúde planeja começar a campanha nacional na quarta-feira, 20, às 10h. Como revelou o Estadão, o Palácio do Planalto pode receber uma cerimônia, na terça-feira, 19, para marcar o começo da campanha. Não está descartado aplicar a primeira dose durante este evento, mas a pressão pela crise em Manaus (AM) pode levar o governo a desistir da cerimônia em Brasília.
Com informações do R7 e do Estadão Conteúdo
Fonte: Redação FV