Estudante autista é impedido de fazer prova do Enem em Castelo
Foto: Reprodução/Redes Sociais
O que seria um sonho realizado, virou um pesadelo para Daniel Soares Moreira, de 19 anos, e a mãe, Elenir Moreira. O jovem, que é autista, precisou de muito empenho para ter o direito de fazer as provas. “Como ele não escreve, batalhamos e vencemos todos os obstáculos para ele prestar o Enem. Conseguimos o tempo adicional e orientadores que acompanhariam e leriam as provas para ele. Mas o Daniel não conseguiu sequer ter acesso ao exame”, conta a mãe.
Isso porque o jovem levou, para atestar a identidade, a Carteira de Trabalho digital. No entanto, a equipe de aplicação dos testes, no colégio João Bley, em Castelo, não aceitou o documento. Eles alegaram que a Carteira de Trabalho estava na categoria “bronze” e só eram aceitos os da “categoria prata ou ouro”. Para chegar ao nível prata, por exemplo, seria necessário vincular uma conta bancária ao documento. Segundo o Governo Federal, “o uso possível para os níveis e os selos é o aumento da confiança cadastral pelos serviços para aplicar controle de acesso às funcionalidades mais críticas”.
A família de Daniel não desistiu e, ainda na esperança de que Daniel pudesse fazer o exame, a mãe mostrou um boletim de ocorrência que atestou que a carteira de identidade do estudante foi extraviada. Mas nem mesmo isso foi suficiente para que os coordenadores permitissem que Daniel tivesse acesso à sala.
Na página do Governo Federal consta que a Carteira de Trabalho é aceita se impressa e expedida após 27 de janeiro de 1997. No entanto, caso o candidato não tenha esse ou outros documentos em mãos, há mais uma forma de verificar a identidade: “o participante que não puder apresentar o documento de identificação original com foto nos dias do exame, seja por motivo de extravio, perda, furto ou roubo, poderá realizar as provas. Mas, para isso, terá de apresentar boletim de ocorrência expedido há, no máximo, 90 dias da aplicação. Nesses casos, também será preciso passar por um procedimento especial, no qual serão coletadas informações pessoais, com o objetivo de comprovar a identidade”, diz a página do Governo Federal com as diretrizes para a aplicação das provas.
“Eles não aceitaram o boletim de ocorrência e me pediram para sair com o Daniel. Nós nos recusamos, e eles chamaram a polícia para nos tirar do local de prova. O que notei é que a equipe não estava preparada para lidar com situações que fugissem da rotina. Muitos jovens foram embora por causa de documentos. É muito doloroso, porque fizemos tudo corretamente, Daniel se preparou muito, dois monitores estavam aguardando por ele para auxiliarem nas provas. Mas tiraram essa chance dele”, conta a mãe.
Entramos em contato com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela aplicação das provas, mas até o momento não recebemos retorno. Assim que a demanda for respondida, a reportagem será atualizada.
Fonte: Aqui Notícias