“Se aparecerem 100 bandidos mortos, vou soltar fogos”, diz deputado
Por Taynara Nascimento – Tribuna online/Foto: Reprodução TV Assembléia
Durante sessão na manhã desta quarta-feira (11), na Assembleia Legislativa, o deputado estadual Capitão Assumção (PSL) discursou sobre o caso da jovem Maiara de Oliveira Freitas, de 26 anos, assassinada nesta madrugada, em Cariacica. O parlamentar declarou que pagaria R$ 10 mil a quem matasse o assassino de Maiara. Em entrevista ao Tribuna Online, o deputado defendeu sua postura, disse que representa a voz de seus eleitores e que, se aparecerem 100 bandidos mortos, iria comemorar.
Tribuna Online – A oferta é real? Por quê?
Capitão Assumção (PSL) – Eu represento a voz de muitos capixabas que estão indignados com essa covardia. Muitos bandidos estão tirando a vida de inocentes e ninguém faz nada. Sabe o que é isso? Ela morreu na frente de um bebê de 4 anos de idade. É revoltante saber que o cara vai ser preso, vai cumprir uma pena breve e, nesse período, vai ser alcançado pela mão forte do Estado, o cara vai ganhar benefícios, vão pagar tudo para ele, e ainda vão dar uma estrutura para reeducá-lo.
Nós precisamos mudar essa ótica de que o bandido é o desprotegido, quem tá desprotegido aqui é essa menina de 4 anos de idade. Eu acredito que já passou da hora de mudar essa realidade. Precisamos trazer mais policiais para as ruas. O prefeito de Cariacica, onde morreu essa jovem, está fazendo propagando contra a Força Nacional.
Os movimentos contra a vida, porque, para mim, são contra a vida, estão avisando que, se tiver algum tipo de violência, é para acioná-los, que eles não vão deixar a Força Nacional agir. Gente, a Força Nacional está lá para proteger o cidadão, quem tiver infligindo a lei tem que ser punido.
As pessoas querem se manifestar contra a ação da Força Nacional. Eu falei pelo desabafo de qualquer capixaba. Pode fazer uma enquete para ver, o capixaba não quer saber dessa violência mais não. Foi um mantra, esses dez mil (reais) são um mantra.
Se o capixaba pudesse… Sabe aqueles filmes de ficção em que você condena o cara à morte e ele é pulverizado instantaneamente? Pergunte ao capixaba se ele quer ver esse cara preso ou morto.
O senhor é, então, a favor da pena de morte?
Eu sou a favor de que o brasileiro, por meio de uma consulta popular, seja orientado para saber o que ele quer mesmo. De que haja uma consulta popular que decida pela pena de morte ou não. Nós estamos vivendo outro sistema, 1988 já passou, era outro tempo. Agora, nós estamos vivendo opções contemporâneas, onde o povo tem que decidir o que ele vai querer.
O senhor não teme sofrer algum tipo de represália em virtude de suas declarações?
Se for ameaça de bandido, pode partir para cima, eu não tenho medo não. Agora, alguma sanção do parlamento, não. Porque eu represento a voz da sociedade que me conduziu até a Assembleia, eu falo para aquela voz que acreditou que eu seria um parlamentar que não se calaria diante desse tipo de injustiça. É como se aquele cidadão fosse e falasse: “Vai lá e fala isso que eu tenho vontade de falar. Se eu falar, eu vou sofrer as consequências da lei, mas você pode ir lá e falar por mim”.
Eu tenho esse posicionamento com o eleitor que me trouxe para cá. Se você consultar aí na internet, vai ver que eu fui o voto mais barato, acho que 14 centavos. O povo estava necessitando de mudanças. Eu estou representando essa parcela que sente vontade de falar o que eu falei hoje.
O que o deixou mais indignado nesse caso, a ponto de oferecer a recompensa?
Olha, na hora que eu vi a matéria, imagina, eu tenho uma filha de 10 anos de idade, ela completou agora no final de agosto. Imagina uma violência dessa, se eu chego em casa e encontro minha filha vendo isso. Essa bebê de 4 anos vai ter sequelas para o resto da vida. Nós temos que mudar o pensamento em relação ao bandido. Bandido não é desprotegido. Quem é desprotegido é o cidadão, que está cansado, em todas as esferas. Era para, agora, os direitos humanos do Estado do Espírito Santo estarem lá cercando essa pequena e toda a família. A primeira coisa que precisa ser pensada quando acontecer um crime contra a vida é proteger a vítima.
Se alguém seguir a promessa de recompensa e matar um suspeito, não será também acusado de assassinato?
Olha, aquilo foi uma expressão metafórica. Mas, se aparecerem 100 bandidos mortos eu vou soltar fogos. Agora, não sei como eu vou pagar 100 pessoas que liquidaram esses 100 bandidos.
A expressão foi metafórica, mas a promessa é real?
Ah! Quem quer ver bandido preso? É mais um pesadelo para o Estado. Você viu que só de tornozeleira eletrônica o cidadão capixaba vai desembolsar 600 mil reais por mês? Ficou sabendo dos supostos movimentos sociais que, durante a manifestação do grito dos excluídos, publicaram uma cartilha com orientações sobre como proceder em caso de abordagem de um policial da Força Nacional?
É um atentado contra o Estado, contra o cidadão e contra a vida. O policial militar, independente do Estado em que ele seja, está lá atuando, tem formação de como proceder, de como tratar o cidadão e de como tratar o bandido. Não tiro uma vírgula. Temos que fazer de tudo para que a Força Nacional dê certo em Cariacica.
Prefeito
Procurado, o prefeito de Cariacica, Geraldo Luzia de Oliveira Junior, o Juninho informou, por nota, que não iria responder “às falas do deputado que, claramente, estão enviesadas e com cunho eleitoreiro”.