quinta-feira, novembro 21, 2024
GERAL

Igrejas católicas do Estado tocaram sinos em homenagem às vítimas da Covid-19

Texto: Rosi Lenk/Foto: Divulgação

Em todo Estado, ao meio-dia deste domingo (14), Igrejas católicas tocaram os sinos em memória das pessoas que morreram vítimas do novo coronavírus.

Os bispos da Província Eclesiástica do Espírito Santo, formada pelas dioceses de Cachoeiro de Itapemirim, São Mateus, Colatina e pela Arquidiocese de Vitória, escreveram uma carta se unindo aos capixabas que perderam familiares para a Covid-19.

Nesta carta, os líderes católicos, preocupados com o avanço da pandemia em todo o Estado, cobram atitudes dos governos e responsabilidade dos cidadãos. O texto foi lido durante a missa dos Santos Óleos, celebrada na última quinta-feira (11) na Catedral Metropolitana.

Os representantes da Igreja Católica pediram para que os sinos de todas as igrejas católicas fossem tocados ao meio-dia deste domingo, também falam sobre a pressão de grupos econômicos e cobram medidas dos governos para coibir a circulação de pessoas.

 

Leia a carta na íntegra:

PROVÍNCIA ECLESIÁSTICA DE VITÓRIA DO ESPÍRITO SANTO

Sub-regional Leste II da CNBB

 Por quem dobram os sinos?           

 “Dias de aflição vêm ao meu encontro. Caminho ensombrecido, sem sol. Minha pele fica escura e cai. Minha cítara está de luto e minha flauta acompanha os pranteadores” ( Jó 30,27-31)

Caros irmãos e irmãs,

Dói! Dói! Dói!

Hoje atingimos em nosso Estado a triste marca de mil pessoas mortas pelo novo Coronavírus, um marco indesejável que muito nos entristece. As Dioceses do Espírito Santo: São Mateus, Colatina, Vitória e Cachoeiro de Itapemirim se unem a todas as famílias que perderam seus entes queridos para esse inimigo invisível, que ceifa vidas, transforma sonhos em pesadelos e tira nossa liberdade.

É um momento único em nossa jornada, não há muito que possa ser dito, além da oração recolhida em cada coração que sobe até ao coração de Deus. Talvez nossa reverência silenciosa, unida às nossas orações, diante de tantas vidas tombadas seja mais eloquente do que palavreados vazios. Os sinos de nossas dioceses se dobram neste dia pelas vítimas da pandemia da Covid-19, elevando a Deus nossas súplicas pelas vidas que partiram abruptamente, deixando um vazio impreenchível e um rastro de pessoas enlutadas e com lágrimas nos olhos.

O momento que estamos atravessando exige mudança no pensar, no falar e no agir, fazendo do isolamento social, mais do que um dever, tornando-o um gesto de compaixão. É preciso que cada um tenha consciência e mantenha-se em casa para evitar o contágio e, por ele, o sofrimento de outras famílias. Pede-se do poder público, em todos os níveis, atitudes sérias de governo, a fim de restringir a circulação das pessoas, sem tergiversar, pois, nesse momento, não podemos nos envergar diante das pressões de grupos econômicos. Todos devemos nos comprometer, pois ninguém, e nem nenhuma instituição, pode se omitir ou  transferir suas responsabilidades diante desse trágico quadro. Não há espaço para indiferença à vida humana, principalmente quando ouvimos os apelos do Evangelho e as palavras de Jesus: “Eu vim para que todos tenha vida e a tenham em abundância!” (Jo 10,10).

O Evangelho nos compromete e interpela na direção da defesa da vida, principalmente dos mais vulneráveis, superando a lógica excludente do mercado e reconhecendo em cada pessoa um irmão e uma irmã. Sendo assim, poderíamos ter evitado muitas das mortes se as restrições adotadas tivessem sido ampliadas e não afrouxadas. De maneira especial, buscando locais adequados para isolamento dos mais vulneráveis, leitos próprios para atender os infectados que precisam de cuidados intensivos e a garantia do acesso à renda mínima para dar dignidade às famílias.

Neste sentido, as decisões políticas devem ser tomadas, estritamente, com base no conhecimento técnico e científico, caso contrário, outras milhares de vidas serão sacrificadas e muitas famílias sofrerão a perda de seus entes queridos. Ainda há tempo para que nossas ações sejam eficazes e salvem muitas vidas, a fim de que possamos sair fortalecidos como sociedade diante deste desafio global. Desse modo, unamos nossas forças, independente de qualquer elemento que possa nos diferenciar, a fim de que unidos possamos fortalecer os laços de solidariedade, cuidado e humanidade, que fazem de nós irmãos e irmãs.

Cheios de confiança e esperança no  amanhã, peçamos a Deus que nos livre deste mal e nos abençoe, confiando-nos à intercessão da Virgem da Penha, padroeira do nosso Estado. Colocando-nos nas mãos do Senhor, utilizando as palavras do salmista: “na minha angustia invoquei o SENHOR, ao meu Deus lancei o meu grito; do Céu ele ouviu minha voz, meu grito chegou aos seus ouvidos”.

Dom Frei Dario Campos, ofm

Arcebispo Metropolitano de Vitória do Espírito Santo

Dom Joaquim Wladimir Lopes Dias

Bispo Diocesano de Colatina

Dom Paulo Bosi Dal’Bó

Bispo Diocesano de São Mateus

Pe. Walter Luiz Barbiero Milaneze Altoé

Administrador Diocesano de Cachoeiro de Itapemirim

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